domingo, 29 de julho de 2007

CUCA’s de Votuporanga e do Rio relembram 40 anos da morte de Che Guevara

Em 8 de outubro de 1967, o grupo de Ernesto Che Guevara foi cercado e aniquilado por um destacamento especial do exército boliviano. Che foi preso, ferido, e fuzilado. Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE dá início a série de homenagens ao guerrilheiro revolucionário.

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Outubro de 2007. Passados 40 anos, o exemplo de luta e vida de Ernesto Che Guevra continua presente. Para relembrar a trajetória do guerrilheiro revolucionário, os Centros Universitários de Cultura e Arte (CUCA) do Rio de Janeiro e de Votuporanga (região noroeste de São Paulo) preparam para o próximo mês, respectivamente, o espetáculo "As últimas horas de Che Guevara", de John Vaz, e a "Mostra Che: Caminhos e histórias de Ernesto Che Guevara", de Daniela Violin.
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Teatro no CUCA-Rio
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No dia 6 de outubro estréia, no terreno da Praia do Flamengo, 132 (antiga sede da UNE, destruída pela ditadura em 1964) o espetáculo "As últimas horas de vida de Che Guevara", baseado nas últimas 18 horas que o guerrilheiro passou em seu cárcere, dentro de uma sala de aula, em La Higuera, Bolívia, em outubro de 1967. A montagem fica em cartaz até 16 de dezembro, sempre aos sábados e domingos, às 19h. (Ver serviço 2)
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O texto foi construído com base no interrogatório realizado por soldados e oficiais do exército boliviano, documento que só foi liberado pelas autoridades do país, 30 anos após a morte do guerrilheiro, e em trechos do depoimento da professora Júlia Cortez, última civil a estar com Che.
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O ator John Vaz, conhecido como "o mil caras do teatro brasileiro", emagreceu 10 KG, deixou barba e cabelos crescerem e adotou o habito de fumar charutos para ficar mais parecido com o revolucionário (foto). Vaz tem no currículo participações nas minisséries JK e Amazônia e já deu vida no teatro a personagens como o seringueiro Chico Mendes e dois ex-presidentes da república: Juscelino Kubitschek e João Goulart.
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O ator explica que, de todos os locais em que poderia fazer a montagem pelo país a fora, a sede improvisada da UNE se revelou o mais perfeito. "O local é o mais próximo com a escola que Che foi preso e executado em La Higuera na Bolívia. Diante disso resolvemos dar ao público a real impressão de que estão em um acampamento de soldados bolivianos instalando na área externa barracas militares que servirão de camarim e bilheteria", conta.
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Além dessa característica semelhante à escola boliviana, Vaz faz outra observação: "A UNE completa 70 anos de vida e relembramos os 40 anos da morte de Che. A UNE como palco de debates das classes estudantis intelectuais de oposição aos governos e de definição ideológica esquerdista. Che, o grande homem do século que inspira todas as gerações de que é possível arriscar a vida por uma causa ideológica a favor das maiorias esmagadas pela ditadura do capitalismo. É um casamento perfeito", diz.
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O ator conta que pretende levar o espetáculo para ser apresentado em frente à escola onde Che foi executado, em La Higuera. Outro projeto é percorrer a América Latina com a montagem. "Teatro para mim, em particular, é o instrumento que utilizo para debater com a juventude que é possível nos libertarmos dessa atual democracia, que é a ditadura do capitalismo, para que ela se torne realmente democrática, um sistema de integração sempre voltada para o povo, como o povo e somente para o povo ", resume.
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Exposição no Cuca-Votu
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A inauguração da "Mostra Che: Caminhos e histórias de Ernesto Che Guevara" (foto) será dia 8 de outubro (data da sua morte), no pátio do campus principal do Centro Universitário de Votuporanga (Unifev). A exposição fica em cartaz até o dia 11, sempre das 8h às 23h. Depois, segue para o campus sul da Unifev, onde fica aberta para visitação entre os dias 15 a 19, no mesmo horário. (Ver serviço 1)
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A idéia da mostra surgiu após uma conversa dos coordenadores do CUCA-Votu com a publicitária Daniela Violin, que trabalha no núcleo de audiovisual da universidade. Eles já sabiam, "mais ou menos", que ela estudava e colecionava materiais sobre o líder da revolução cubana. Bingo! "Vamos montar uma mostra, aqui no pátio da faculdade, contando a história do Che", sugeriu Cibeli Moretti, do CUCA.
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A partir daí, Daniela conta que deu início a um processo de pesquisa e seleção de fotos, reportagens, livros e filmes do seu acervo pessoal. O pente fino resultou na escolha de 30 fotos e um documentário. Além disso, ela escreveu textos explicativos sobre as imagens, que dão a forma cronológica da exposição, da infância à morte de Guevara.
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"O que quero mostrar com este trabalho é que antes do Che já existia um jovem preocupado com o mundo ao seu redor. As pessoas têm que conhecer primeiro este Ernesto para depois entender o revolucionário", diz. Por isso, explica, também serão exibidos um documentário sobre sua vida e o filme "Diários de Motocicleta", de Walter Salles, obras que desvendam um pouco a descoberta de Che, durante suas viagens, das desigualdades sociais do continente latino-americano.Veja a vinheta: Mostra Che: Caminhos e histórias de Ernesto Che Guevara
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Che vive!
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Ernesto Che Guevara de la Serna nasceu em 14 de junho de 1928. O mais velho entre cinco filhos de uma família progressista de classe média.
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Em 1951, ainda não tinha terminado a formatura em medicina, iniciou, com Alberto Granado, uma grande viagem pelo continente na velha moto do companheiro conhecida pelo nome de 'La Poderosa'. Nessa viagem, Guevara começa a ver a América Latina como uma única entidade econômica e cultural. Visita minas de cobre, povoações indígenas e leprosários, interagindo com a população, especialmente os mais humildes.
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De volta à Argentina, em 1953, acaba os estudos de Medicina e passa a se dedicar à política. No mesmo ano, viajou à Guatemala e testemunhou a derrubada do governo democrático de Jacobo Arbenz Guzmán por um golpe militar apoiado pela CIA (agência americana de espionagem e contra-informação).
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Mudou-se para o México e conheceu os irmãos Castro - Fidel e Raúl. Juntou-se, então, ao grupo expedicionário que planejava a derrubada do ditador cubano Fungencio Baptista. Em 25 de novembro de 1956, Che e os outro 82 revolucionários cubanos deixaram o México, a bordo do iate Granma, para aportar na Província do Oriente, Cuba, alguns dias depois. Rapidamente detectados pelo exército de Batista, foram massacrados: os poucos sobreviventes, Che entre eles, refugiaram-se em Sierra Maestra. Nascia o movimento guerrilheiro que, em 2 de janeiro de 1959, expulsaria de Havana o ditador e estabelecia a primeira república socialista da América Latina.
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Após a revolução, foi chefe do departamento industrial do Instituto Naciona de Cuba e ministro da Indústria.
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Em abril de 1965, abandonou todos os cargos públicos. Foi lutar no Congo, integrado às forças de Petrice Lumumba. No outono de 1966, ingressou na Bolívia, clandestino, para organizar a luta revolucionária. Enstabeleceu-se em Santa Cruz.
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Em 8 de outubro de 1967, seu grupo foi cercado e praticamente aniquilado por um destacamento especial do exército boliviano. Che foi preso, ferido e fuzilado algumas horas depois.
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Che Guevara contou seu trajeto pela América do Sul, da Argentina a Venezuela, em companhia de seu amigo Alberto Granado, a bordo de uma motocicleta, a Poderosa, através de um diário. Ao fim da viagem Che escreve: "O personagem que escreveu essas notas morreu ao pisar de novo em terra argentina. Aquele que as organiza e lhes dá polimento, eu, não sou eu; pelo menos não sou o mesmo eu interior. Esse vagar sem rumo pela nossa maiúscula América me transformou mais do que pude crer".
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Serviço 1
O que? "Mostra Che: Caminhos e histórias de Ernesto Che Guevara"Concepção e montagem: Daniela Violin
Onde? Centro Universitário de Votuporanga - Unifev
Quando? Campus Centro – de 8 a 11 de outubro / Campus Sul – de 15 a 19 de outubro
Entrada gratuita
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Serviço 2
O que? Espetáculo "As últimas horas da vida de Che Guevara"
Onde? Terreno da UNE - Praia do Flamengo, 132 - RJ
Quando? 6 de outubro a 6 de dezembro (sábados e domingos)
Horário: sempre às 19h
Texto: John Vaz e Lula Dias
Direção: John Vaz
Supervisão geral: Fernando Bicudo
Elenco: Com John Vaz, Jodi Nagel, Claudiana Cotrin, Roberto Rizzo e Mário Cardona
Duração: 1h
Capacidade: 120 espectadores
Classificação: acima de 10 anos
Quanto? R$ 20 / R$ 10 (meia-estudante)Informações: 8726-9359

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