ENXUGANDO GELO, ENGARRAFANDO FUMAÇA E FAZENDO ARTE NO BRASIL!!
por Rita Grego*
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No último sábado, 16 de fevereiro, foi divulgada uma reportagem no Segundo Caderno do jornal O Globo sobre os problemas técnicos existentes no MinC para análise de projetos culturais que desejam captar patrocínio via desconto fiscal. Dois fatos chamaram minha atenção e provocaram minha revolta. O primeiro, a criação de um cadastro com os projetos inscritos na lei Rouanet e o segundo as declarações do presidente da Funarte, o senhor Celso Frateschi .
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Segundo a reportagem, o MinC está reorganizando sua maneira de trabalho no que diz respeito às inscrições na lei Rouanet, e uma das formas encontradas foi a elaboração de um cadastro com os projetos já inscritos, pois assim seria mais fácil monitorar os processos, saber quem está com documentação pendente, quem já deu baixa, enfim, agilizar o serviço. Até aí, tudo bem, o grande problema é que o presidente da Funarte,associou o cadastro a uma forma de “afunilamento maior na entrada da lei” , pois segundo ele, dos quase 14 mil aprovados apenas 2 mil conseguem captar recursos e com a implementação do cadastro será possível saber quem tem “condições de realizar o projeto e quem acordou com uma idéia e a pôs na Rouanet”. De acordo com a sua opinião, 90% do trabalho é ”enxugar gelo”!
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Senhor presidente da Funarte, não é necessário um cadastro para saber quais projetos têm ou não condições de chegarem aos palcos. Infelizmente o que conta no momento da captação de recursos é a ficha técnica, se há profissionais de destaque na mídia, seja lá que tipo de destaque! Talento, criatividade e originalidade deixaram de ser critérios na escolha de um projeto por parte das empresas, elas pensam no lucro, na visibilidade, no marketing!! Este é um dos grandes obstáculos que “profissionais mortais” enfrentam. É desigual e injusta a nossa luta diante de tantas celebridades e seus mega-projetos de quase 2 milhões de reais que são facilmente aprovados pelo MinC e rapidamente captados! Creio que este, senhor presidente, seja um dos principais fatores que resultam nos números fornecidos pela vossa excelência! Os mais de 12 mil projetos que não se realizam não contam com nomes famosos em seu programa de porta, logo deixam de ser viáveis para a empresas, pois são elas que escolhem as pautas dos nossos teatros, e agora o MinC facilitará bastante seu trabalho ao utilizar o cadastro como uma ferramenta antidemocrática, impedindo que profissionais tentem, mesmo diante de tantas adversidades, levar aos palcos seus trabalhos, seus sonhos, sua Arte!
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Sinto discordar do senhor, mas acho muito pouco provável que alguém simplesmente amanheça com uma idéia e resolva colocá-la na Rouanet, pois não é tão simples assim. Como o senhor deve saber, além de burocrático, é muito dispendioso e trabalhoso elaborar um projeto, obter autorização do autor, contratar um produtor, preencher formulários e mais formulários e esperar... mas esperar muito, quase um ano só para obtenção do Pronac, fora o tempo para conseguir o financiamento!!É bem mais fácil acordar e me inscrever no BBB! Pois se não ganhar o prêmio máximo, ao menos posso me tornar um projeto viável para o MinC e para as empresas patrocinadoras!!
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Quando inscrevemos um projeto na Rouanet, e tenho certeza que a maioria dos “profissionais mortais” pensa assim, estamos cheios de esperança por poder realizar um trabalho de forma digna, com recursos financeiros garantindo tudo, inclusive o salário do ator, que na maioria das vezes trabalha sem dinheiro, este sim, enxugando gelo por amor a Arte!! Quando finalmente depois de meses recebemos o nosso Pronac, o nosso “dream card”, vamos à luta, tentando convencer as empresas de que o nosso projeto, apesar da carência de celebridades, tem qualidade e vale o investimento, afinal, o MinC nos aprovou!
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Mas agora ficará ainda mais difícil, pois não estaremos nem no cadastro!
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Tenho uma sugestão que o Minc poderia levar em consideração, poderia ser criado um cadastro com aqueles projetos que por conterem grandes nomes não necessitam de dinheiro público! Shows de grandes estrelas do pop, do axé?? Isso sem contar com os espetáculos estrangeiros!! Há necessidade de esses projetos serem financiados com dinheiro público?Poderia ser criado também um cadastro com os espetáculos totalmente financiados com dinheiro público, que têm todas as despesas pagas, que entram em cartaz sem dívida e mesmo assim cobram ingressos abusivos!
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Simplificando a história, porque não tornar as leis de incentivos mais justas e democráticas?
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No último sábado, 16 de fevereiro, foi divulgada uma reportagem no Segundo Caderno do jornal O Globo sobre os problemas técnicos existentes no MinC para análise de projetos culturais que desejam captar patrocínio via desconto fiscal. Dois fatos chamaram minha atenção e provocaram minha revolta. O primeiro, a criação de um cadastro com os projetos inscritos na lei Rouanet e o segundo as declarações do presidente da Funarte, o senhor Celso Frateschi .
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Segundo a reportagem, o MinC está reorganizando sua maneira de trabalho no que diz respeito às inscrições na lei Rouanet, e uma das formas encontradas foi a elaboração de um cadastro com os projetos já inscritos, pois assim seria mais fácil monitorar os processos, saber quem está com documentação pendente, quem já deu baixa, enfim, agilizar o serviço. Até aí, tudo bem, o grande problema é que o presidente da Funarte,associou o cadastro a uma forma de “afunilamento maior na entrada da lei” , pois segundo ele, dos quase 14 mil aprovados apenas 2 mil conseguem captar recursos e com a implementação do cadastro será possível saber quem tem “condições de realizar o projeto e quem acordou com uma idéia e a pôs na Rouanet”. De acordo com a sua opinião, 90% do trabalho é ”enxugar gelo”!
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Senhor presidente da Funarte, não é necessário um cadastro para saber quais projetos têm ou não condições de chegarem aos palcos. Infelizmente o que conta no momento da captação de recursos é a ficha técnica, se há profissionais de destaque na mídia, seja lá que tipo de destaque! Talento, criatividade e originalidade deixaram de ser critérios na escolha de um projeto por parte das empresas, elas pensam no lucro, na visibilidade, no marketing!! Este é um dos grandes obstáculos que “profissionais mortais” enfrentam. É desigual e injusta a nossa luta diante de tantas celebridades e seus mega-projetos de quase 2 milhões de reais que são facilmente aprovados pelo MinC e rapidamente captados! Creio que este, senhor presidente, seja um dos principais fatores que resultam nos números fornecidos pela vossa excelência! Os mais de 12 mil projetos que não se realizam não contam com nomes famosos em seu programa de porta, logo deixam de ser viáveis para a empresas, pois são elas que escolhem as pautas dos nossos teatros, e agora o MinC facilitará bastante seu trabalho ao utilizar o cadastro como uma ferramenta antidemocrática, impedindo que profissionais tentem, mesmo diante de tantas adversidades, levar aos palcos seus trabalhos, seus sonhos, sua Arte!
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Sinto discordar do senhor, mas acho muito pouco provável que alguém simplesmente amanheça com uma idéia e resolva colocá-la na Rouanet, pois não é tão simples assim. Como o senhor deve saber, além de burocrático, é muito dispendioso e trabalhoso elaborar um projeto, obter autorização do autor, contratar um produtor, preencher formulários e mais formulários e esperar... mas esperar muito, quase um ano só para obtenção do Pronac, fora o tempo para conseguir o financiamento!!É bem mais fácil acordar e me inscrever no BBB! Pois se não ganhar o prêmio máximo, ao menos posso me tornar um projeto viável para o MinC e para as empresas patrocinadoras!!
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Quando inscrevemos um projeto na Rouanet, e tenho certeza que a maioria dos “profissionais mortais” pensa assim, estamos cheios de esperança por poder realizar um trabalho de forma digna, com recursos financeiros garantindo tudo, inclusive o salário do ator, que na maioria das vezes trabalha sem dinheiro, este sim, enxugando gelo por amor a Arte!! Quando finalmente depois de meses recebemos o nosso Pronac, o nosso “dream card”, vamos à luta, tentando convencer as empresas de que o nosso projeto, apesar da carência de celebridades, tem qualidade e vale o investimento, afinal, o MinC nos aprovou!
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Mas agora ficará ainda mais difícil, pois não estaremos nem no cadastro!
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Tenho uma sugestão que o Minc poderia levar em consideração, poderia ser criado um cadastro com aqueles projetos que por conterem grandes nomes não necessitam de dinheiro público! Shows de grandes estrelas do pop, do axé?? Isso sem contar com os espetáculos estrangeiros!! Há necessidade de esses projetos serem financiados com dinheiro público?Poderia ser criado também um cadastro com os espetáculos totalmente financiados com dinheiro público, que têm todas as despesas pagas, que entram em cartaz sem dívida e mesmo assim cobram ingressos abusivos!
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Simplificando a história, porque não tornar as leis de incentivos mais justas e democráticas?
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* Rita Grego é atriz
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Fonte: www.vermelho.org.br
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