quarta-feira, 13 de junho de 2007

UNE e CUCA imortalizam história de Honestino Guimarães




Um momento especial marcou a abertura da plenária final do 50º Congresso: o lançamento do documentário que conta um pouco da história do ex-presidente da UNE, Honestino Guimarães, desaparecido político na ditadura militar.

Na platéia, a mãe do líder estudantil, Dona Maria Rosa Leite, estava acompanhada de seu outro filho, Norton Guimarães. Também estava presente o amigo José Luiz Guedes, que presidiu a UNE em 1966, pouco antes de Honestino assumir a entidade, em 1969.

Quando o filme ganhou as telas, o ginásio silenciou. O documentário tem duração de 15 minutos e é baseado em depoimentos de familiares, esposa e amigos de Honestino. A equipe de produção mergulhou na trajetória do militante, realizando pesquisas e visitas que em um processo de investigação incluiu viagens a São Paulo, Rio e Brasília para juntar informações.

Assim que os créditos começaram a tomar conta da tela, os estudantes entoaram palavras de ordem em homenagem a uma das figuras mais emblemáticas para a juventude brasileira. Visivelmente emocionada, Dona Rosa, que na quarta-feira, durante uma sessão solene no senado federal disse ser “a mãe da UNE”, recebeu uma camiseta da entidade das mãos de Petta.

Norton lembrou uma frase do seu irmão que, segundo ele, resume o 50º Congresso. “Ele dizia sempre que podem nos prender, podem nos bater, mas quando voltarmos seremos milhões”, destacou. “É isso que vocês representam, a força e persistência dos jovens”, completou.

Ao recordar os tempos de militância ao lado do amigo, Guedes fez questão de dizer o quanto é valoroso o engajamento da juventude por um Brasil mais justo. “Continuem na luta porque amanhã seremos milhões para implantar a verdadeira democracia neste país”, convocou.

Dona Rosa não tirou os olhos da tela por um só minuto. Ela agradeceu a homenagem e disse que considera este Congresso uma vitória. “Na época de meu filho, os militantes se encontravam na clandestinidade, tinham que criar estratégias para se esconder da polícia. Ver esses jovens aqui hoje, representa para mim, a vitória dos estudantes, que também é minha e de meu filho”, declarou.

o FILME
A idéia de levar parte da história de Honestino para as telas surgiu como forma de comemorar os 70 anos da UNE, completados em agosto deste ano. “A equipe de produção enfrentou dificuldades para contar essa trajetória”, conta Paula Damasceno, estudante e diretora do filme. "Não existem registros oficiais sobre o que aconteceu com ele. Ao mesmo tempo, era um personagem muito falado pela ditadura no período anterior à sua prisão", revela.

As cenas mostram fotos em momentos de perseguição, além de revelar histórias curiosas sobre a luta diária para consolidar o movimento estudantil durante a ditadura militar. Um dos depoimentos conta que, para se encontrarem, militantes bolaram uma discreta e eficaz estratégia: caminhavam em torno de igrejas, locais que não levantavam suspeitas, um em sentido horário e outro anti-horário, assim tinham a garantia que se tratava de um companheiro.

O filme contou ainda com a direção de arte do artista plástico e membro do CUCA, Luis Parras; e captação de imagens e depoimentos feitos pela estudante de cinema Alessandra Stropp. Um dos destaques foi o acesso a informações inéditas, como os dados levantados nos arquivos do Dops e correspondências entre o reitor da UnB e o governo militar, nas quais Honestino é frequentemente citado.

Danielle Franco
Foto:Gustavo Benke

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